sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Reggae - A musica da alma

lucasNattyDread & cayoNattyDread

Reggae está presente no Brasil há muito tempo, mas se desenvolveu de forma diferenciada em cada região, situação que se reflete hoje na forma como ele é compreendido e aceito no país. Um estudo histórico rigoroso sobre como o ritmo jamaicano chegou a nossas praias e praticamente se incorporou à cultura brasileira ainda está para ser feito, mas podemos traçar alguns caminhos para entender como chegamos até aqui.

Talvez o nosso primeiro contato com o reggae tenha sido a apresentação de Jimmy Cliff (foto acima) em um dos Festivais Internacionais da Canção, que aconteceram no fim dos anos 60. Logo depois Caetano Veloso cantaria que desceu a Portobello Road, em Londres, ao som do reggae, o que foi estabelecido como a primeira menção à palavra "reggae" na música brasileira (e não o primeiro reggae composto aqui, como alguns chegam a escrever). Vale dizer que nesta época tal nome só era conhecido entre os jamaicanos e seus descendentes que moravam em Londres e outras cidades inglesas (e no Canadá, Estados Unidos etc). Experiências com o ritmo foram tentadas por Jards Macalé, Luís Melodia e outros, mas foi Gilberto Gil (foto ao lado, de Lívio Campos) quem levou tal influência mais a sério, vendendo mais de 500 mil cópias do compacto de "Não chores mais", a versão de "No woman no Cry", de Bob Marley.
Enquanto isso no Pará, Maranhão e na Bahia, o reggae também começava a conquistar corações e mentes da população, o que pode ser explicado pela semelhança dos ritmos locais com o da ilha caribenha, que afinal vieram da mesma raiz, a mãe Africa. Apresentado ao ritmo por um vendedor de discos paraense, o dono de radiola Riba Macedo começou a tocar o reggae entre os forrós e merengues que tocava em São Luís. Logo o som caiu nas graças dos maranhenses (ver mais detalhes no artigo "A Dança e a música jamaicana").No Rio, São Paulo e Belo Horizonte, alguns bailes reggae têm lugar na periferia. Júlio Barroso (aliás o disco que Riba Macedo levou primeiro para o Maranhão foi o "Reggae Frontline", que teve as notas escritas por este jornalista e vocalista da banda Gang 90,falecido em 84), no Rio e Otávio Rodrigues, em SP, começam a divulgar o ritmo no sulmaravilha. Os primeiros discos foram lançados por aqui. Chico Evangelista canta o "Reggae da Independência" e Raimundo Sodré fica famoso com o reggae "A Massa", cantado num festivaL no início dos anos 80. Bob Marley vem ao país e promete voltar com o Inner Circle para uma turnê em toda a América Latina. Peter Tosh se apresenta com grande sucesso no Festival de Jazz de São Paulo. O reggae parece que vai decolar de vez em nossas terras. Mas a tragédia acontece: Marley morre de câncer aos 36 anos, em 11 de maio de 1981. Para muitos é a morte do reggae.
Nem a vitoriosa turnê de Gil com Jimmy Cliff pelo país consegue convencer as gravadoras e os meios de comunicação do contrário. Sobre a turnê, uma revista de (des)informação publica um artigo dizendo algo como "agora que o reggae morreu ele chega ao Brasil". Os discos pararam de chegar como antes. Sorte dos donos de radiola no Maranhão, que começam a ganhar dinheiro trazendo discos de reggae de fora para tocar nos bailes, cada vez mais populares. É a cultura da "exclusividade" que até hoje vigora por lá.
Marginalizado, o reggae se recolheu ao underground, mas não ficou parado. As primeiras bandas e fã-clubes brasileiros começam a surgir. Marco Antônio Cardoso funda o Fã-Clube Bob Marley de São Paulo e Mariano Ramalho o do Rio. Em Belo Horizonte Mauro França inicia o Fã-clube Massive Reggae. Em Recife aparece o Grupo Karetas. Edson Gomes na Bahia, Luís Vagner, Jualê e os Walking Lions em São Paulo começam a sua trajetória. Muitos outros grupos aparecem a partir da segunda metade dos anos 80, em grande parte por causa do estouro dos Paralamas do Sucesso, que sempre tiveram uma grande influência do reggae em sua música (o baixista Bi Ribeiro tem uma das maiores coleções de discos de reggae do país). No Maranhão, surge a Tribo de Jah. Os programas de rádio também tiveram grande influência na divulgação do reggae. Vale citar o "Batmacumba", do Nelson Meirelles e os programas de Maurício Valladares, no Rio, "Reggae Raiz", dos sólidos Jai Mahal e China Kane (até hoje no ar, na Brasil 2000), "Disco Reggae" (ver marca acima), de Otávio Rodrigues, de São Paulo, "Reggae Special", de Ray Company (também no ar até hoje, na Ouro Negro FM) em Salvador e muitos outros (como as dezenas de programas que existem há anos em São Luís, produzidos por radialistas como Fauzi Beydoun - líder da Tribo de Jah, Carlos Nina, Ademar Danilo, entre outros). Veja uma lista de programas de rádio brasileiros e estrangeiros de hoje no Radio Reggae).
Otávio Rodrigues e China Kane (em pé); Jai Mahal (agachado)
Nos anos 90 os shows internacionais voltaram a acontecer no país, graças aos esforços de batalhadores como Geraldo Carvalho, de Curitiba, e outros que mostraram que o reggae ao vivo tem mercado no Brasil. Bandas como Cidade Negra e Skank levaram o ritmo a um novo público, fazendo sucesso em todo o país e iniciando carreira internacional. Tribo de Jah e Edson Gomes (foto) também levam um grande público a suas apresentações. O número de bandas se multiplicou e citar todas seria impossível, o mesmo acontecendo com as pessoas que batalharam e batalham pela divulgação do reggae (como Gilberto Gil, que sempre toca versões de Marley em seus shows e estava planejando lançar um Cd somente com os clássicos do rei do reggae). Apesar da má-vontade das gravadoras e dos programadores de rádio, o ritmo de Jah possui um público cativo no Brasil que só tende a crescer, passando ao largo dos modismos que marcaram o mercado musical brasileiro nos últimos anos. Presente na maior parte do Brasil real e no virtual (é só dar uma olhada nas nossas seções de links, que podem ser acessadas acima, apenas uma pequena parte do que existe na rede) o reggae ainda vai dar muito o que ouvir, ver, ler, cantar e falar.

Tijolada Reggae - Discografia



terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Biografia - Bunny Wailer




Bunny Wailer


Neville O'Riley Livingstone - seu nome de batismo - nasceu no dia 10 de abril de 1947, na Jamaica. Conheceu Bob Marley ainda criança e a amizade entre eles ficou mais forte depois que a mãe de Marley, Cedella Booker, se tornou companheira do pai de Bunny, Toddy Livingstone. Os dois amigos se tornaram irmãos e continuariam se tratando assim até a morte do maior ídolo da música jamaicana, em 1981. A carreira musical dos dois também se cruzou desde o início. Um ano depois de gravar o seu primeiro compacto, "Judge Not", Bob Marley formaria com Bunny, Peter e outros amigos do gueto o grupo The Wailers, que se destacaria nos anos seguintes entre as dezenas de grupos que se formaram naquela época na ilha caribenha.
Depois de ficar quase dez anos nos Wailers (trabalho interrompido por um ano, quando ele foi preso injustamente por porte de maconha em 67), Bunny Wailer gravaria o primeiro compacto solo,"Search for Love", pelo seu selo independente, Salomonic Records. Ao mesmo tempo os Wailers assinavam o contrato com a gravadora anglo-jamaicana Island Records e começavam a sua carreira internacional. No final deste mesmo ano lançariam o álbum "Catch a Fire", atraindo a atenção da imprensa mundial e levando o grupo a uma estafante turnê pela Europa no início de 73. Depois de um descanso na Jamaica, deveriam voltar para a estrada, dessa vez indo para os Estados Unidos, mas Bunny se recusou a viajar. Ele já estava comprometido seriamente com a religião rastafari e não desejava ficar tanto tempo afastado de sua fazenda e de seus rituais. Ele acabou se desligando dos Wailers, no que seria seguido por Peter Tosh alguns meses mais tarde, após a participação de ambos no álbum "Burning". Era o começo de uma nova fase para Bunny Wailer, em que ele lançaria seus trabalhos em estúdio com regularidade, mas dificilmente se apresentaria fora da Jamaica.
O seu primeiro LP solo, "Blackheart Man" (Island Records - 1976), é hoje aclamado como uma obra-prima do roots reggae e é por muitos considerado como o seu melhor trabalho, ao lado de "Liberation" (Shanachie Records - 1987). A produção posterior manteria a qualidade, mas os seus trabalhos mais populares foram os álbuns realizados em homenagem aos Wailers. Chamando para si a responsabilidade de manter vivo o legado do grupo, gravou "Sings The Wailers", "Time will Tell" e "Hall of Fame", ganhando o Grammy de melhor disco de reggae pelos dois últimos (o outro Grammy foi pela coletânea de compactos "Crucial! Roots Classics", lançada em 94).
Do alto de seus 50 anos, o rastaman Bunny Wailer é hoje um dos maiores nomes do reggae mundial, sempre a lembrar os seus companheiros da importância das raízes na música. Este é um recado que parece estar sendo compreendido pela nova geração do ritmo, atualmente empenhada retomar o sentimento e a arte original do reggae, mantendo o ritmo que tanto amamos como uma força viva e atuante no cenário musical do terceiro milênio.


Biografia - Buju Banton




Buju Banton


Nascido em 15 de Julho de 1973 , Mark Anthony Myrie , o caçula de 15 irmãos mais conhecido como Buju Banton , traçou uma rápida e meteórica carreira artística de um simples garoto de 12 anos que cantava nos sound systems, a um dos maiores e mais respeitados grandes nomes do reggae mundial. Buju , é descendente direto dos Maroons , escravos africanos trazidos á Jamaica por volta de 1600. Os maroons eram conhecidos por serem rebeldes a escravidão. Crescido no ghetto de Barbican , na Jamaica ele recebeu de sua mãe o Apelido de Buju , que é uma palavra de origem Maroon , que siginifica "breadfruit". O apelido entao , veio do fato de que quando Buju era criança , ele era gordo e redondo como uma "breadfruit".
Com a idade de 12 anos, ele pegou Buju e juntou com Banton , que vem de um de seus Artistas favoritos Burru Banton. Banton na Jamaica , eh uma designação que não tem uma tradução certa para o português , mas é algo como um adjetivo para se dizer se um artista é realmente bom , ele incialmente trabalhou no sound system rambo , e lançou sua primeira música chamada "I got to leave you" e um single : "The Ruler". A essa altura Buju estava lutando para sobreviver indo de estudio em estudio. Conheceu produtores como Flourgon , Clement Irie , e outros. Então ele começou a gravar músicas para a Shocking Vibes e a Digital B com a idade de 14 anos. com 15 ele gravou musicas para o selo de Clifton Dillon , como o polêmico hit "Boom Bye Bye". com a idade de 16 , ele gravou mais 2 hits "Man Fi Dead" e "Jackie and Joyce" em 1989.
Então Buju lançou em 1992 seu album de estréia chamado "Mr Mention" um album bem ao estilo rude boy jamaicano , dancehall forte com batidões, o album foi um sucesso na Jamaica. Em 1993 Buju lançou o album "Voice of Jamaica" no qual se converteu a filosofia e religião Rastafari , com músicas mais concientes e sem as letras de rude boy , Buju mostrava letras mais inspiradas e muito boas , esse álbum é realmente excelente destaque para as músicas "make my day " e "red rose" o album foi um sucesso tão grande na Jamaica , que quebrou os recordes de Vendas de qualquer artista de Reggae, incluindo o Grande , Bob Marley. Em 1995 lançou sua obra prima e uma pérola do reggae mundial o album "Til Shiloh" com puras e concientes mensagems rastafari. realmente o algum e muito bom e mereçe ser citado com um dos Melhores do Buju , destaque para as musicas "Champion" , Buju eh capaz de emocionar com as musicas"Untold Stories" e "Not an Easy Road" tambem deste álbum. Em 1997 lança o álbum de nome:"Inna Heights" album político e conciente com musicas onde Buju fala sobre o rastafarianismo em"Hills And Valleys" liberta sua alma em "Destiny" , e outras obras primas como "Cry No More" , "Give I Strenght" e outras. em 2000 lancou o album "Unchained Spirit" um album bom . com destaque para a reza de introdução e a musica "Psalm 23".

Biografia - Augustus Pablo




Augustus Pablo

Augustus Pablo nasceu em 21 de junho de 1953 em St. Andrew, Jamaica, mas logo se mudou para Kingston e foi descoberto pelo produtor Herman Chin-Loy, primo de outro produtor mais famoso, Leslie Kong. Desde o início o seu instrumento foi a melódica (recentemente o jornal New York Times o apontou como o maior tocador de melodica do mundo), comum nas escolas jamaicanas mas nunca usada pelos músicos profissionais, que aprendeu sozinho. Quando Pablo tinha apenas 14 anos foi até a loja de discos de Chin-Loy para tocar um pouco, o que foi suficiente para que o esperto produtor agendasse a gravação de algumas faixas com o menino tímido. O que veio `a luz dessa primeira seção foi "Iggy Iggy", lançada em 1969 (o que faz constatar que Pablo estava completando 30 anos de carreira quando foi chamado por Jah). Foi Chin-Loy quem deu a Pablo o seu nome artístico. Ele achava que denominações exóticas davam um ar de mistério aos seus instrumentistas e isto ajudava a vender mais discos. Estas primeiras gravações foram compiladas recentemente pela gravadora de Chin-Loy , a Aquarius, no Cd AUGUSTUS PABLO & FRIENDS : THE RED SEA . Nesta época Pablo chegou a tocar teclado com os Wailers mas preferiu investir em sua própria produção.
Logo Pablo estaria alçando vôos mais altos, criando o seu próprio selo de gravação, o já citado "Rockers International" (que faria par com o sound-system do mesmo nome de seu irmão, Garth). Depois de alguns sucessos esporádicos, Pablo gravaria e entregaria para King Tubby mixar o disco que se tornaria a obra-prima de ambos: KING TUBBY MEETS THE ROCKERS UPTOWN (ver foto ao lado; mais detalhes sobre Tubby em "As raízes da música dub" ). Os irmão Barrett (dos Wailers) e Robbie Shakespeare dando uma canja na bateria e baixo e os arranjos de metais de Bobby Ellis formaram a base ideal para as melodias de sabor oriental de Pablo e os "efeitos espaciais" da mixagem de Tubby, perfeitamente combinados neste que é o disco de dub com o qual todos os outros são e serão comparados.
Os próximos anos seriam os mais produtivos da sua carreira. Pablo dividiria o seu tempo entre os artistas que produzia e seus discos instrumentais, como PABLO MEETS MR. BASSIE, tanmbém conhecido como ORIGINAL ROCKERS VOL. 2 , que traz belíssimos temas, como a comovente "Golden Seal" e a versão melancólica de "Burial" de Peter Tosh. Muitos outros trabalhos desta fase de ouro do estilo "rockers" podem ser apreciados em coletâneas como a da RAS Records chamada PABLO PRESENTS ROCKERS STORY (com o inacreditável Ras Bull e os Immortals fazendo uma versão de uma canção de Lennon e McCartney jamais gravada pelos Beatles:"World without love"; a capa pode ser vista acima), e álbuns como ROCKERS MEET KING TUBBY IN A FIRE HOUSE, RISING SUN, entre outros.Um dos últimos exemplares deste período foi o estupendo álbum de Hugh Mundell, AFRICA MUST BE FREE BY 1983 & DUB (foto), também da gravadora RAS. Mendell foi talvez a grande descoberta de Augustus Pablo e este foi certamente o melhor trabalho de sua curta carreira. A morte prematura e estúpida de Mendell (segundo o pesquisador Steve Barrow acontecida durante uma briga por uma geladeira) abalou Pablo e isso marcaria o início de um período mais discreto, o que seria acentuado pelas novas exigências do mercado, com a chegada arrasadora do estilo dancehall.
Pablo passou os seus últimos anos cuidando de sua loja e lançando obras esporádicas, como o aclamado BLOWING WITH THE WIND. Vivia tranquilamente com a família em uma casa nas colinas próximas a Kingston até ser acometido por um mal raro e incurável, a miastenia gravis, que afetou o seu sistema nervoso a ponto dele não conseguir mais reconhecer as pessoas, vindo a falecer no dia 18 de maio, deixando dois filhos, Addis e Isis, e a companheira Karen Scott. A importância de Augustus Pablo para a evolução do reggae talvez nunca venha ser devidamente reconhecida, mas o seu legado felizmente continuará a embalar as nossas noites e nos inspirar com suas melodias inconfundivelmente belas.

Biografia - Robert Nesta Marley




Bob Marley
O ano de 1945 foi um grande ano. Foi em 45 que, depois de nove anos de uma guerra que matou milhões de pessoas em todo o mundo, finalmente a paz voltou a reinar na Terra. Em todos os cantos do planeta as pessoas se abraçaram e puderam comemorar o final do mais triste episódio da história da humanidade. Milhares de filhos voltaram para suas casas, famílias se reencontraram e a construção de um novo tempo começou.
Entretanto, em 1945 houve outro grande acontecimento, que só alguns moradores da pequena vila de Nine Mile, interior rural da Freguesia de St. Ann (Santa Ana), no norte da Jamaica , comemoraram.Foi no dia 6 de fevereiro desse ano que nasceu o menino Robert Nesta Marley, filho de Cedella Booker, uma garota negra de apenas dezoito anos, e do Capitão Norval Marley, do Regimento Britânico das Índias Ocidentais, um inglês branco de 50 anos de idade que, devido a pressões de sua família na Inglaterra, apesar de ajudar financeiramente pouco conheceu o filho. Mas para entender melhor a história desse menino é preciso voltar um pouco mais no tempo. Apesar da escravidão ter sido abolida na Jamaica em 1834, aqueles dias de sofrimento ainda estão na memória dos descendentes de africanos e, misturados com os costumes ingleses, fazem parte da cultura da ilha. Já no começo do século passado a herança africana começava a ter expressão política com Marcus Garvey, um pastor jamaicano que fundou a Associação Universal para o Desenvolvimento do Negro.
A organização defendia a criação de um país negro, livre da dominação branca, em África, que recebesse de volta todos os descendentes de africanos exilados na América. Foi inclusivé com esse intuito que Garvey chegou a fundar uma companhia de navegação a vapor, a Black Star Line. Mas Marcus Garvey é lembrado na Jamaica também por outro motivo. O pastor, nas suas pregações, costumava repetir uma profecia que logo se espalhou entre a população negra. Ele dizia que em África surgiria um Rei negro, o 225º descendente da linhagem de Menelik, o filho do rei Salomão e da rainha de Sabá, que libertaria a raça negra do domínio branco. Anos depois esse rei apareceu. Em 1930 Ras Tafari Makonnen foi coroado Imperador da Etiópia e passou a se chamar Hailè Selassiè. No mesmo momento, os seguidores de Garvey na Jamaica passaram a acreditar que a profecia tivesse sido cumprida e começaram uma nova religião chamada Rastafari. Anos mais tarde, essa religião seria espalhada pelo mundo através da música de um menino chamado Bob Marley.
Por volta da década de 50, a capital Kingston era a terra dos sonhos dos habitantes das zonas rurais da Jamaica. Apesar da cidade não ter oferecer muito trabalho, multidões dirigiam-se para lá para fatalmente engrossarem a população das favelas que já cresciam no lado oeste. A maior e mais miserável dessas favelas era Trench Town (Cidade do Esgoto), assim chamada por ter sido construída sobre as valas que drenavam os dejetos da parte antiga de Kingston, foi para lá que Dona Cedella se mudou junto com seu filho no final dos anos 50. O menino cresceu nesse ambiente junto com outros meninos de rua e, em especial, seu amigo Neville O'Riley Livingston, mais conhecido como Bunny, com quem começou a tocar latas e guitarras improvisadas em casa. O som que os dois garotos faziam era influênciado pelas emissoras do sul dos Estados Unidos que conseguiam captar nos seus rádios e que tocavam músicas de artistas como Ray Charles, Curtis Mayfield, Brook Benton e Fats Domino, além de grupos como The Drifters que tinham muita popularidade na Jamaica. Nessa época, Bob conseguiu um emprego numa funilaria, mas já tinha a música como grande objectivo de sua vida. A busca desse objectivo ganhou dedicação exclusiva quando uma fagulha da solda com que trabalhava queimou-lhe o olho. O acidente não teve gravidade mas contribuiu para largar o emprego e investir unicamente no aperfeiçoamento da sua música com Bunny. Eles eram ajudados por Joe Higgs, um cantor que apesar de já possuir uma certa fama na ilha ainda morava em Trench Town e dava aulas de canto para iniciantes. Numa dessas aulas Bob e Bunny
conheceram outro jovem músico chamado Peter McIntosh. Em 1962 Bob Marley foi escutado por um empresário musical chamado Leslie Kong que, impressionado, o levou a um estúdio para gravar algumas músicas. A primeira delas “Judge Not” logo foi lançada pelo selo Beverley's. No ano seguinte Bob decidiu que o melhor caminho para alcançar o sucesso era em um grupo, chamando para isso Bunny e Peter para formar os "Wailing Wailers". O novo grupo ganhou a simpatia do percussionista rastafari Alvin Patterson, que os apresentou ao produtor Clement Dodd. Na metade de 1963 Dodd ouviu os Wailing Wailers e resolveu investir no grupo. O ritmo da moda na Jamaica então era o Ska que, com uma batida marcada e dançante, misturava elementos africanos com o rhythm & blues de New Orleans e que tinha Clement “Sir Coxsone” Dodd como um dos seus mais famosos divulgadores. Os Wailing Wailers lançaram o seu primeiro single, “Simmer Down”, atarvés da Downbeat de Coxsone no fim de 1963 e em janeiro a música já era a mais tocada na Jamaica, permanecendo nessa posição durante dois meses. O grupo então era formado por Bob, Bunny, Peter, Junior Braithwaite e dois backing vocals, Beverly Kelso e Cherry Smith.
Nessa época chegou pelo correio a passagem que Dona Cedella, que tinha casado novamente e mudado para Delaware nos Estados Unidos, conseguiu comprar após muito esforço para juntar dinheiro. Ela desejava dar a Bob uma nova vida na América, mas antes da viagem ele conheceu Rita Anderson e em 10 de fevereiro de 1966 casaram-se. Marley passou apenas oito meses com a mãe antes de retornar à Jamaica, onde começou um período que teve importância especial no resto de sua vida. Bob chegou em Kingstom em outubro de 66, apenas seis meses depois da visita da Sua Majestade Imperial, o Imperador Hailè Selassiè, da Etiópia, que trouxe nova força ao movimento Rastafari na ilha. O envolvimento de Marley com a crença Rastafari também estava crescendo e, a partir de 67, sua música começou a refletirse nisso. Os hinos dos Rude Boys deram lugar a uma crescente dedicação às canções espirituais e sociais que se tornaram a pedra fundamental do seu real legado. Bob, então, convidou Peter e Bunny para novamente formarem um grupo, dessa vez chamado “The Wailers”. Rita também começava sua carreira como cantora com um grande sucesso chamado “Pied Piper”, um cover de uma canção pop inglesa. A música jamaicana, entretanto, havia mudado. A frenética batida do Ska deu lugar a um ritmo mais lento e sensual chamado Rock Steady. A nova crença Rastafari dos Wailers os colocou em conflito com Coxsone Dodd e, determinados a controlar seu próprio destino, os fez criar um novo selo, o Wail'N'Soul. Mas, apesar de alguns sucessos, os negócios dos Wailers não melhoraram muito e o selo faliu no fim de 1967. O grupo sobreviveu, entretanto, inicialmente como compositores de uma companhia associada ao cantor americano Johnny Nash que, na década seguinte, teria um grande sucesso com “Stir It Up”, de Bob.
Os Wailers então conheceram um homem que revolucionaria o seu trabalho: Lee Perry, cujo gênio produtivo havia transformado as técnicas de gravação em estúdio em arte. A associação Perry / Wailers resultou em algumas das melhores gravações da banda. Músicas como “Soul Rebel”, “Duppy Conqueror”, “400 Years” e “Small Axe” são clássicos e concerteza definiram a futura direcção do reggae. Em 1970, Aston 'Family Man' Barrett e seu irmão Carlton (baixo e bateria, respectivamente) uniram-se aos Wailers. Eles eram a base da banda de estúdio de Perry e haviam participado em várias gravações do grupo. Os irmãos eram conhecidos como a melhor secção rítmica da Jamaica, status que continuariam pela década seguinte. Os Wailers eram então reconhecidos como grande sucesso na Caraíbas, mas internacionalmente continuavam desconhecidos.
No verão de 1971 Bob aceitou o convite de Johnny Nash para acompanhá-lo à Suécia, ocasião em que assinou contrato com a CBS, que era também a editora do americano. Na primavera de 72 todos os Wailers já estavam na Inglaterra, promovendo o single “Reggae on Broadway”, mas sem alcançar bom resultado. Como última tentativa Bob entrou nos estúdios da Island Records, que havia sido a primeira a dar atenção ao crescimento da música jamaicana, e pediu para falar com o seu fundador, Chris Blackwell. Blackwell conhecia a fama dos Wailers e o grupo estava fazendo uma proposta irrecusável. Eles estavam adiantando 4 mil libras para gravar um álbum e para que, pela primeira vez, uma banda de reggae tivesse acesso as mais avançadas técnicas de gravação e fosse tratada como eram as bandas de rock da época. Antes dessa proposta as editoras achavam que um grupo de reggae só vendia em singles ou compilações com várias bandas. O primeiro álbum dos Wailers, "Catch A Fire" quebrou todas as regras: era lindamente embalado e fortemente promovido. Era o começo de um longo caminho à fama e ao reconhecimento internacional. Embora "Catch A Fire" não tenha sido um hit instantâneo, o álbum teve um grande impacto na imprensa. O ritmo marcante de Marley, aliado às suas letras militantes vinham com total contraste ao que estava sendo feito então. Os Wailers chegaram em Londres em abril de 73, embarcando numa série de apresentações que mostraria sua qualidade como banda de shows ao vivo. Entretanto, após três meses, o grupo voltou à Jamaica e Bunny, descontente com a vida na estrada, recusou-se a tocar na turnê americana. No seu lugar entrou Joe Higgs, o velho professor de canto dos Wailers. A turnê americana incluía, além de algumas casas de show, a participação em alguns shows de Bruce Springsteen e Sly & The Family Stone, a principal banda de música negra americana do momento. Mas depois de quatro shows ficou claro que colocar os Wailers abrindo espetáculos poderia ser pouco aconselhável para as atracções principais. A banda foi então para San Francisco, onde a rádio KSAN transmitiu uma apresentação ao vivo que só foi publicada em 1991, quando a Island lançou o álbum comemorativo "Talkin' Blues". Em 73 o grupo também lançou o seu segundo álbum pela Island, "Burnin", um LP que incluía novas versões de algumas das suas mais velhas músicas, como: “Duppy Conqueror”, “Small Axe” e “Put It On”, junto com faixas como “Get Up, Stand Up” e “I Shot The Sheriff” (que no ano seguinte se tornaria um enorme sucesso mundial na voz de Eric Clapton, alcançando o primeiro lugar na lista dos singles mais vendidos nos Estados Unidos). Em 74 Marley passou uma grande parte do seu tempo no estúdio trabalhando nas sessões que resultaram em “Natty Dread”, um álbum que incluía músicas como “Talkin' Blues”, “No Woman No Cry”, “So Jah Seh”, “Revolution”, “Them Belly Full (But We Hungry)” e “Rebel Music (3 o'clock Roadblock)”. No início do próximo ano, entretanto, Bunny e Peter deixariam definitivamente o grupo para embarcar em carreiras solo enquanto a banda começava a ser conhecida por Bob Marley & The Wailers. “Natty Dread” foi lançado em Fevereiro de 75 e logo a banda estava novamente na estrada. A composição harmônica perdida com a saída de Bunny e Peter havia sido substituída pelas I-Threes, um trio feminino composto pela esposa de Bob, Rita, além de Marcia Griffiths e Judy Mowatt. Entre os concertos, os mais importantes foram as duas apresentações no Lyceum Ballroom de Londres que até hoje são lembradas entre as melhores da década. Os shows foram gravados e logo o disco, junto com o single “No Woman, No Cry”, estava nas paradas de sucesso. Em Novembro, quando Marley voltou a Jamaica para tocar num show beneficiente com Stevie Wonder ele já era obviamente a maior estrela da ilha. “Rastaman Vibrations”, o álbum seguinte, lançado em 76, atingiu o topo das paradas americanas e é considerado por muitos a mais clara exposição da música e das crenças de Bob. O LP incluía músicas como “Crazy Baldhead”, “Johnny Was”, “Who The Cap Fit” e, talvez a mais significativa de todas, “War”, cuja letra foi extraída de um discurso do Imperador Hailè Selassiè, nas Nações Unidas.
Com o sucesso internacional cresceu a importância política de Bob Marley na Jamaica, onde a fé Rastafari expressa pela sua música alcançava forte ressonância na juventude dos ghetos. Como forma de agradecimento ao povo da ilha, Bob decidiu dar um concerto aberto no Parque dos Heróis Nacionais de Kingston, em 5 de dezembro de 1976. A idéia era enfatizar a necessidade de paz nas ruas da cidade, onde as brigas de gangues estavam a causar confusão e mortes. Logo depois do anúncio do show, o governo convocou eleições para o dia 20 de dezembro. Isso deu nova força à guerra no gheto e, na tarde do concerto atiradores invadiram a casa de Bob e alvejaram-no. Na confusão os atiradores apenas feriram Marley, que foi levado a salvo às montanhas na cercania da cidade. Entretanto ele resolveu fazer o show de qualquer maneira e subiu ao palco para uma rápida apresentação em desafio aos seus agressores. Foi a última apresentação de Bob na Jamaica por oito meses. Logo após o show ele deixou o país para viver em Londres, onde gravou o seu próximo álbum, “Exodus”.
Lançado no verão daquele ano, “Exodus” consolidou o status internacional da banda, ficando nas paradas da Inglaterra por 56 semanas seguidas e tendo seus três singles - “Waiting In Vain”, “Exodus” e “Jammin'” - com grandes vendagens. Em 78 a banda capitalizou novo sucesso com “Kaya”, que alcançou o quarto lugar na Inglaterra logo na semana seguinte do lançamento. O álbum mostrava uma nova vertente de Marley, com uma colecção de canções de amor e, claro, homenagens ao poder da "Ganja". Do álbum foram extraídos dois singles: “Satisfy My Soul” e “Is This Love”. Ainda em 78 aconteceriam mais três eventos com extraordinária importância para Marley. Em Abril voltou à Jamaica para o “One Love Peace Concert”, quando fez com que o Primeiro-Ministro Michael Manley e o líder da oposição Edward Seaga dessem as mãos em palco, foi então convidado para ir à sede das Nações Unidas, em Nova York, para receber a Medalha da Paz. E, no fim do ano, Bob visitou a África pela primeira vez, indo inicialmente ao Kenya e depois à Etiópia, o lar espiritual Rastafari. A banda havia recém terminado uma turnê pela Europa e América que rendeu o segundo álbum ao vivo: “Babylon By Bus”. “Survival”, o nono álbum de Bob Marley pela Island foi lançado no verão de 1979. Ele incluía “Zimbabwe”, um hino para a Rodésia, que logo seria libertada, junto com “So Much Trouble In The World”, “Ambush In The Night” e “Africa Unite”. Como indica a capa, que contém as bandeiras das nações independentes, “Survival” foi um álbum em homenagem à solidariedade Pan-Africana. Em abril de 1980, o grupo foi convidado oficialmente pelo governo do recém libertado Zimbabwe para tocar na cerimônia de independência da nova nação. Essa foi a maior honra oferecida à banda e demonstrou claramente a sua importância no Terceiro Mundo. O próximo disco da banda, “Uprising”, foi lançado em maio de 80 e teve sucesso imediato com “Could You Be Loved”. O álbum também trazia “Coming In From The Cold”, “Work” e a extraordinária faixa de encerramento, “Redemption Song”. Os Wailers então embarcaram na sua maior turnê européia, quebrando recordes de público pelo continente. A agenda incluía um show para 100 mil pessoas em Milão, o maior da história da banda. Bob Marley & The Wailers eram a maior banda na estrada naquele ano e “Uprising” estava em todas as paradas da Europa. Era um período de máximo optimismo e estavam a ser feitos planos para uma turnê na América na companhia de Stevie Wonder no final do ano.
No fim da turnê européia Marley e a banda foram para os Estados Unidos. Bob fez dois shows no Madison Square Garden, mas logo após caiu sériamente doente. Três anos antes, em Londres, tinha ferido o dedo do pé a jogar futebol. O ferimento tornou-se canceroso e, apesar de ter sido tratado em Miami, continuou a progredir. Em 1980, o câncer, na sua forma mais virulenta, começou a espalhar-se pelo corpo de Bob. Ele controlou a doença por oito meses, fazendo tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels, na Bavária. O tratamento de Issels era controverso por usar apenas remédios naturais e não tóxicos e, por algum tempo, pareceu estabilizar a condição de Bob. Entretanto, repentinamente a luta começou a ficar mais difícil. No começo de maio ele deixou a Alemanha para voltar à Jamaica, mas não completou a viagem.
Bob Marley morreu num hospital de Miami na segunda-feira, 11 de maio de 1981. No mês anterior, Marley havia sido agraciado com a Ordem do Mérito da Jamaica, a terceira maior honra da nação, em reconhecimento à sua inestimável contribuição à cultura do país. Na quinta-feira, 21 de Maio de 1981, o Honorável Robert Nesta Marley O. M. recebeu um funeral oficial do povo da Jamaica. Após o funeral - assistido tanto pelo Primeiro-Ministro como pelo líder da oposição - o corpo de Marley foi levado à sua terra natal, Nine Mile, no norte da ilha, onde agora descansa em um mausoléu. Bob Marley morreu aos 36 anos, mas a sua lenda permanece viva até hoje.

Rastafari



Rastafari

Rastafari e a Profecia Etíope
Ras Tafari é um movimento pan-africano com apresentações e messiânicas, que se originaram no despertar de uma revelação profética feita pôr Marcus Garvey na Jamaica. Desde sua inserção na década de 30, o movimento cresceu de uma pequena localidade, em West Kingston à um movimento internacional de repatriação negra. Através das primeiras três décadas de seu desenvolvimento, o movimento foi banido da sociedade jamaicana. Periódicas confrontações com autoridades coloniais britânicas marcaram os Rastas em suas intenções revolucionarias, tanto cultural quanto espiritualmente.
A metade de década de 60 trouxe um período de transição no entendimento social em relação ao Rasta e a sua forma de se viver Depois da publicação em 1960 da "Reportagem sobre o Movimento Ras Tafari I em Kingston (capital da Jamaica)" veiculada pela Universidade local, subsequentes eventos e um clima de positivismo tornaram-se publicamente notórios. Essa mudança na percepção publica serviu para legitimar a visão ampla do significado da Vida que os Rastas tanto propunham, como uma responsabilidade cultural ao legado da escravidão e do colonialismo na Jamaica.
Durante esse período de transição na década de 60, um grande numero de descontentes e jovens da classe media juntaram-se aos miseráveis que moravam nas favelas, e dali formaram o esteio do movimento Ras Tafari I. Esse crescimento acelerado foi acompanhado pela popularização da doutrina Rasta através da comunicação de massa e também artisticamente . os ritimos de musica Ska, rocksteady e o reggae disseminaram nas décadas de 60 e 70 os valores e os sentimentos dos Dreadlocks (um dos termos empregados para identificas um Rastas) , como um apelo alternativo depois das épocas de pos-colonialismo.


Os Israelitas


Como um a cultura/ filosofia, Ras Tafari I é uma forma de Zionismo Negro que segue a leitura da Bíblia (na versão etíope Kebra Negasta- "Gloria dos Reis", diferente da versão européia King James ) como credo milenar da redenção africana. Identificam-se a si próprios como os Israelitas do Velho Testamento , Provendo uma seqüência de interpretações mítico-poéticas da História da Diaspora Negra.
Capturados e vendidos dentro da escravidão pelos europeus , os Rastas vêem os africanos e seus descendentes no oeste como vivendo na moderna Babilônia, a sociedade branca e opressora que significou mais de 400 anos de perseguição e colonialismo. A emancipação oficiosa para a escravidão nas plantações de açúcar na Jamaica veio em 1834, mas a independência politica jamaicana da Grã-Bretanha foi assegurada somente em 1962, depois de 97 anos como colônia.
Cerca de 95% da população da Jamaica é de descendência africana, o que determinou uma consciência dentro do movimento Ras Tafari I em considerarem-se "estrangeiros numa terra estranha", referindo-se a própria Jamaica.


A Terra Prometida


No idioma de redenção dos Rastas , a única salvação para o negro do Oeste é se repatriar a seu lar ancestral : Etiópia - África . Enquanto opiniões dentro do movimento divergem como precisamente a repatriação ocorrerá e sua natureza , espiritual ou física , Ras Tafari I reconhece que isso será iminente e sinalizará a total inversão da estrutura de poder vigente no mundo.
Ao contrario de outras formações culturais pan-africanas ; pôr exemplo, Santeira em Cuba, Vudu no Haiti, Candomblé no Brasil e Xangô em Trinidade, Ras Tafari I é um fenômeno do seculo XX sem antecedente cultural no Oeste ou herança da cultura central - africana. Os rituais Rastas mantêm uma continuidade na identidade africana e nas tradições associadas como pôr exemplo rituais de dança e tambores, praticas de cura e crença no poder mágico das palavras - "word, sound & Power" ("Palavra , Som & Poder).
Imagens da realeza Etíope, eventos e personagens do Velho Testamento, uma forma ritualística de se falar e o uso de longos cabelos, chamados de Dread Locks têm sido adotados e transformados nos símbolos e na tradição dos Rastas . No contexto da Diaspora, essa tradição é melhor entendida como uma resposta a ideologia da raça dominante. Essa etnia se refere à auto - conscientização da cultura com o intuito de disseminar uma nova mensagem, juntamente com sua simbologia e religiosidade. O Etiopianismo anunciou uma nova fase dos rituais jamaicanos , onde os Rastas identificaram-se como "crianças", tanto no sentido espiritual como genealógico, como que mantendo o parentesco com os antigos Israelitas , que seguiram Moisés através do Mar Vermelho séculos atrás. As crônicas bíblicas do "Exílio" e do "Retorno a Terra Prometida" serviram como documento mítico para a prisão dos escravos no Novo Mundo , e de seu anseio pôr redenção fora da escravidão.
O uso de velhos materiais para a criação de uma nova estrutura profética fez com que surgisse a imagem da Etiópia- Israel como sendo uma nação negra. Faz parte da tradição Rasta , pôr Exemplo , cantar e agradecer o "Sagrado Monte Sião"(HOLY MOUNT ZION) que é reconhecido pela fé como sendo o lar de Jah Ras Tafari I . Esse processo serviu para cristalizar a soberania e a legitimidade africana numa aparência político- religiosa única.


"Olhem para a África"


Através de referencias bíblicas à Etiópia, por exemplo no salmo 68:31, "Etiópia logo estenderá Suas mãos a Deus", e nos Atos dos Apóstolos 8:27,"pessoas de descendência africana aprendam a reconhecer seu país perdido e a herança nas referencia a Etiópia e etíopes". Assim, os Rastas começaram a tratar com carinho todas as referências etíopes na bíblia, pois ali havia a promessa libertadora , e que , quando contrastava com a indignidade da escravidão nas plantações, mostravam o negro numa luz humana e digna.
É na base do clássico Etiopianismo que Associação do Progresso Universal do Negro e o movimento "Volta - a- África" liderada pôr Marcus Garvey é bem conhecida. A filosofia do nacionalismo racial, proposta pôr Garvey, era um conceito étnico, casando o Etiopianismo e a consciência racial derivada do nacionalismo pan-africano. "Através da consciência racial, membros de uma raça se presente e aspirando pelo futuro".
Um grupo racialmente consciente é mais que uma mera agregação de indivíduos distintos zoologicamente de outros grupos étnicos. É uma luta social unida com direção à realização pessoal e do grupo com o intuito de alcançar uma qualidade de vida que lhe é própria. Portanto , é um grupo conflitante e a consciência racial é por si um resultado do conflito. "A raça de um grupo embora não significante intrinsicamente, se torna um símbolo de identidade que serve para intensificar o senso se solidariedade". Para Garvey ser negro significava ser africano, "em casa ou no estrangeiro", e a identidade racial estipulava direitos nacionais. Sob o título "África para os Africanos" , Garvey relançou a tradição etíope dentro de um programa politico para a libertação dos negros. A visão de Garvey da 'redenção africana' foi e permanece radical no sentido que, pela primeira vez na historia, o povo negro era reconhecido universalmente como Africanos no contexto de um movimento de massa com popularidade internacional.
O que é único aos Rastas da Jamaica , na tradição emancipadora africana é sua direta identificação com o Estado Teocrático da Etiópia, sob a regência "eterna" do Imperador Haile Selassie I , intitulado Jah Ras Tafari I. Modelando-se como a reincarnação dos antigos Israelitas, os Rastas usam o passado bíblico da teocracia judaica para formar sua etnia como uma família , uma nação . A frase profética mais notável atribuída a Marcus Massiah Garvey afirma, "Olhem para a África! Quando um Rei for coroado, o dia da redenção estará nas mãos".
A coroação em 2 de novembro de 1930 do imperador Haile Selassie I da Etiópia, formalmente intitulado Ras Tafari I foi interpretada como a confirmação da profecia. Ras significa "cabeça , príncipe" em aramaico e Tafari ,"Sem medo". Foi traduzido tambem pelos pioneiros do movimento Rasta a significar "Criador". Haile Selassie I , 225'descendente do Rei Salomão e da Rainha de Sheba, recebeu os títulos sagrados escritos na bíblia que foram reservados para o advento da Segunda vinda: Rei dos reis, Senhor dos senhores e Leão conquistador da Tribo de Judá.


O Poder da Trindade


Na fé dos Rastas, Haile Selassie é reverenciado como Jah Ras Tafari I, o Messias , o Cristo Negro que ascendeu ao Trono do Rei Davi em Adis Ababa, oficializando a promessa de uma nova ordem espiritual.
Como defensor do Trono contra o ataque fascista de Mussolini em 1935, como um dos chefes- arquitetos do nacionalismo pan-africano atraves da fundação da OAU em Adis Ababa em 1963 e , mais tarde como monarca - embaixador do Estado independente mais velho da Africa, a Etiópia , o Imperador Selassie conseguiu o respeito de inumeraveis negros e foi reconhecido como o defensor de união e liberdade africana. Haile Selassie é um nome sagrado , que traduzido significa "Poder da Trindade". Em todas as antigas religiões encontra-se a mesma analogia à Primeira Lei de Deus , ação - reação - equilíbrio.
No cristianismo essa mesma fórmula é reconhecida no Pai- Filho - Espirito santo; no hinduismo, vishnu- krishna- brahma . Porem , o que autenticava a força verdadeira do Ras Tafari era a personificação da Primeira Lei em uma só pessoa, Haile Selassie I.
O começo em Kingston
Antes mesmo da explosão da guerra Ítalo- Etíope em 1935, uma fotografia de Haile Selassie I , em veste de guerreiro em Amhara, circulou pelas favelas de Kingston juntamente com um artigo do Jornal Times no dia 7 de dezembro. De acordo com a reportagem, originalmente atribuída a um agente da propaganda fascista italiana, o Imperador Selassie era o mentor da Ordem Nyahbinghi.
Essa ordem era internacionalmente reconhecida como uma sociedade africana secreta dedicada a derrubar a dominação branca e colonial. O nome Nyahbinghi significava "morte aos europeus". Na Jamaica , os primeiros aderentes da fé Ras Tafari I tornaram esse artigo quase como a um chamado e procuraram alinhar-se espiritualmente ao Imperador Selassie, participando efetivamente da Ordem Nyahbinghi. A palavra Nyahbinghi foi rapidamente adaptada ao vocabulário Rasta como protesto racial, e tornou-se a significar 'morte aos opressores negros e brancos'. Muitas comunidades Rastas começaram a identificaram-se como Nyahs, e na sordidez de West Kingston, uma militância do novo movimento começou a se desenvolver.
Em 1960, a Universidade de West Indies patrocinou uma reportagem sobre o movimento Ras Tafari I e sua relação com a sociedade jamaicana em geral. Tal reportagem foi o resultado de um pedido pôr parte da comunidade Rasta que queixava-se da perseguição policial e da desinformação pública. Até então Jamaica, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a maioria era (e ainda é) cristã, enquanto que os Rastas eram vistos sem qualquer status social, até porque a sua maioria vivia em condições paupérrimas.
A Cultura Nyahbingui
Na reportagem, Nyahbinghi foi associado a valores violentos e com elementos revolucionários. Os Nyah eram publicamente identificados por seus longos cabelos, os Dreadlocks, e pelo uso sagrado , mas desafiador e anti-social da maconha (ganja). Os Nyahbinghis dentro do movimento Ras Tafari I atual é um longo termo que em adição a seu significada original tambem cobre outros importantes aspectos da vida cultural, incluindo: A Ordem Nyahbinghi , uma seção dentro do movimento Ras Tafari I em geral, também reconhece o Governo Teocrático de Haile Selassie I.
Os membros da primeira geração Nyah fazem parte da formação do movimento Rasta. Os rituais de culto e adoração são patrocinados por membros da comunidade . As cerimônias Nyahbinghis são festejadas regularmente em varias datas em toda a ilha da Jamaica. Comemorações anuais incluem o aniversario do Imperador Haile Selassie I (23 de julho), a data da coroação do Imperador (2 de novembro) e o aniversario de visita do Imperador a Jamaica em 1966 (21 de abril). Os Nyahbinghis também realizam Assembléias ou "Congregações" que são consideradas como "serviços divinos" A musica com os tambores , a dança e as palavras fazem parte da celebração e do culto e tambem são denominadas de Nyahbinghi.
Como parte da ressureição dada batida africana, a musica Nyahbinghi ou Heart Beat (batidas do Coração) está ligada às harpas do Rei Davi, usadas para compor os salmos reais do Velho testamento. As congregações Nyahbinghi usualmente duram de três a sete dias, tempo para a comunidade se reunir e revitalizar a fé Ras Tafari através de atividades como por exemplo tocar tambores, cantar orações , ler trechos da bíblia , fumar maconha e dançar. No centro da celebração Nyahbinghi está o Tabernáculo onde acontece o ritual. Com as cores da bandeira da Etiópia (verde ouro e vermelho), os Nyahs chamam a Israel seu destino providencial - "África, sim! Jamaica, não!" "Jah chama os cantores e tocadores de instrumentos", "Repatriação agora!"
. O tabernáculo Nyahbinghi é a sala circular do trono do arco- íris (representado pelas cores da bandeira da Etiópia), o poder sagrado do solo de onde emana o terremoto, a luz, o trovão, o fogo e o enxofre do Armagedon. O "chalice"( cálice , cachimbo Rasta) Passa de mão em mão em volta do altar , ativando ritualisticamente os símbolos do calor , ar e agua , as forças primais da criação .
Atraves da Palavra, Som & Poder (Word, Sound & Iwah) a fé está unida com a cabeça Criadora (Ras Tafari) num tipo de telepatia mística, que tem o intuito de cantar a queda da babilonia , para livrar a Terra da perversidade e restaurar a ordem natural da Criação e seu estado original de perfeição. Fora do Tabernáculo fica uma grande fogueira onde um Homem de fogo permanece em vigília para manter as chamas da justiça e do julgamento acesas até a hora da repatriação chegar.


"A Música do Coração"


De acordo comum relato de um observador do movimento em 1953 havia uma falta acentuada na batida dos tambores nos primeiros encontros de rua dos Rastas. Nesses encontros, hinos de ressuscitação dos cultos afro-cristãos conhecidos como pocomania e Sião foram adaptados para o desenvolvimento da liturgia Jesus Cristo em todos os textos das canções. Hinos Garveyistas e até o Hino Nacional Etíope Nyahbinghi eram cantados. Naquele tempo o antagonismo entre os grupos Rastas e os Revivalistas cresceu, buru foi naquela época a musica Rastafari, inspirando seus tambores .
Buru foi naquela época a música mais popular derivada da seculariedade africana em Kingston. Apesar da clara derivação da batida Nyahbinghi, da base, do fundo e do marcador dos três tambores Burus, as duas tradições tem ritmos basais distintos. Todavia, ambos estilos tem antecedentes históricos diretos na tradição musical do oeste e do centro da África. Ambos têm uma organização rítmicas baseada na intercalação das batidas tocadas em vários tambores.
A musica Nyahbinghi é um compaço retirado do passado Africano, mas a distancia é musicalmente evidente ate pelos toques improvisados do lider e marcador. A batida Nyahbinghi , com mensagens da Redenção Negra, tem sido incorporadas dentro do reggae. Essas conções populares de libertação são ouvidas hoje mundialmente , dos sound systems de rua de Kingston ate os shebeens do soweto , na Africa do Sul.
I & I Eu Poderoso
A "conversa Rasta" a forma ritual de se falar , praticada em diferentes graus no movimento , é especialmente proeminente entre os aderentes da Ordem Nyahbinghi. Considerando o movimento messiânico e também milenar Ras Tafari I encaixe-se na discriminação "anti sociedade" , "uma sociedade estabelecida dentro de outra sociedade" como uma alternativa consciente.
É um modo de resistência ao mercado ainda "escravista" da moderna babilonia. A fala Ras Tafari como uma "anti-lingua não é somente paralela a sociedade , é de fato gerada por ela". A anti-lingua cresce quando á realidade alternativa é uma realidade contrariada, estabelecida em oposição a realidade subjetiva , não meramente expressando isso, mais ativamente criando e mantendo essa outra forma de expressão , que nada mais é que uma ação coletiva. "I and I" (Eu e Eu) é usado seja onde um pronome aparecer no discurso; substitui 'você e eu'. O uso obliquo do pronome expressa a igualdade presumida entre os Rastas. "I and I" significa a identidade comum dos oradores como filhos de Haile Selassie I. Os nomes proferidos pelos Rastas exemplificam a associação do homem e Deus. A enunciação de "I"(eu) quando pronunciado "Jah Ras Tafari I" ou "Haile I SelassieI" conecta a intenção pessoal com a vibração divina. "Quem é você ? não há nenhum você.
Há somente Eu, Eu e Eu. Eu é você, Eu é Deus, Deus é Eu. Deus é você mas não há nenhum você, porque você é Eu, então Eu e Eu é Deus. Nós somos todos cada um e um com Deus porque é a mesma energia de Vida que flui em todos nós". Alem disso, a linguagem (I - ance, parlance) Ras Tafari I envolve o remodelamento e ocultamento de itens lexicais para encontrar sua necessidade. Uma técnica comum é conotar um símbolo, incrementado o significado da palavra; por exemplo, transformando "opressores" em "depressores"(opressers= downpressers), "políticos" em "politruques" (politics = politricks), "entendimento" em "sobreentendimento" (understand = overstand). O uso de algumas palavras pelos Rastas que viviam nas colinas da Jamaica davam significado à visão que eles tinham dos urbanos; por exemplo "city" (cidade) = "shity"(merda) ou também para designar o modelo social - "system" (sistema) = "shitstem" (sistema de merda), "situation" (situação) = "shituation" (situação de merda). Quando a falta de cultura, no cunho educacional - "education"(educação)= "head-decay-shun" (cabeça- decadente- afastada) e principalmente a valorização de personagens europeus históricos, ligados à igreja católica e que faziam comercio de escravos negros - "Christopher Colombus" (Cristovão Colombo)- "Christ-Come - To- Rob - Us"(Cristo veio nos roubar) fez com que milhares de palavras viessem a surgir no vocabulário denominado de Patois. Este vasto vocabulário tem a intenção de definir o mundo no qual o Rasta vive, tanto o sistema econômico, religioso e politico como também a aspiração espiritual. Todas as palavras que tem pronome "I" referem-se exclusivamente aos valores ou rituais que os Rastas davam importância ; por exemplo, "I-shence" = "icense (incenso), (maconha) "I-ses" = "praises"(orações) , "I- ration" = "Creation" (criação), "Ithiopia" = "Ethiopia" (Etiópia) . "I-wah" = "power"(poder) "I-tes"= "thoughts" (pensamentos).
A compreensão da redenção africana é similarmente conotada pelo conceito de "Eu" . "For I" ou "Far Eye" (Para Eu ou Olho que Enxerga Longe) usados em Rastafari I são termos para denominar a visão mística. A experiência visionaria é interna, parte pelo processo de conversação, e ultimamente pela noção visionaria que rendenção é igual a repatriação ; a visão da Africa concorda com a expectativa da salvação.
Ganja e Dreadlocks
Justificações ideológicas para o ritual de consumo da ganja (maconha) são comuns entre os Rastas. O uso religioso da erva é feito pelo processo de plantação, colheita e consumo. Os Rastas acreditam no poder da maconha, através da abertura de um canal telepático que aumenta a percepção da realidade. Também se dizem no direito de fumar pelo fato da Bíblia trazer passagens indicando o consuma da erva pôr parte dos profetas no Velho Testamento. "Foi encontrado no sepulcro do Rei Salomão vestígios de maconha, e de uma espécie muito mais poderosa que a encontrada hoje em dia".
A Jamaica é uma das maiores produtoras de ganja no mundo e também das mais baratas. Ainda é ilegal o consumo da erva; pôr esta razão, muitos Rastas foram mortos e perseguidos pôr toda ilha. As plantas de maior qualidade encontradas na Jamaica são Lambsbread e Sinsemila. O Dreadlock, distintamente despenteado e com a barba e o cabelo longo é outra apresentação da identidade cultural dos Rastas.
Muitos jamaicanos inclusive, freqüentemente consideram a aparência desleixada dos Dreads como uma indicação de falta de padrões de limpeza. Eles incorretamente dizem que os Rastas nunca lavam seus cabelos. Aqueles com dreadlocks são estigmatizados como loucos pela sociedade jamaicana em geral. Os Rastas também são conhecidos como "Knotty Dread" (Dread barbudo) ou na linguagem que freqüentemente usam- "Natty Dread". Eles são rejeitados à empregos basicamente pôr suas aparências. Na sociedade jamaicana colonial e pós - colonial , a policia em muitas ocasiões cortava os cabelos dos Rastas (dreadlocks) como um ato de rejeição pública e controle social sobre o movimento. Os Rastas crêem no poder místico dos Dreadlocks são entendidos de acordo com a interpretação bíblica como o "voto dos Nazarenos", e também como prova de serem eles os "escolhidos" durante esse tempo de julgamento.
Finalmente, eles fundamentalizam o crescimento dos dreads como um estado natural de aparência do Homem , sancionado pôr Deus. "O brilho dos dreads é o brilho da luz negra, um ato feito para chamar as forças do Julgamento para fazer o coração perverso cair fora da Criação, para destruir e paralisar todos os depressores". Dentre outras argumentações apresentadas pelos Rastas com relação ao dreadlock, a mais conhecida é que a barba e os cabelos compridos representam a juba do leão, símbolo da filosofia Rasta.


O livro da vida


Entre os Rastas é muito comum a interpretação das passagens bíblicas. A versão bíblica do rei James da Inglaterra é tida como contendo apenas metade do "livro da Vida". Os próprios Rastas costumam lembrar que "a outra metade nunca foi contada". Os Rastas usam a versão Macabeus de origem etíope, considerado o livro integral da Revelação. Entre revelações encontra-se o segredo e o significado dos Sete Selos do Rei Salomão.
"E Eu chorei muito pôr nenhum homem ser merecedor de abrir o livro nem soltar os Sete Selos. E um dos anciões disse, "Não chore, contemple o Leão da tribo de Judá. A raiz de Davi foi capaz de abrir o Livro e soltar os Sete Selos, e Eu contemplei, e no meio do trono, no meio dos anciões , um cordeiro foi morto pô sete chifres, de sete olhos, e dos sete espíritos de Jeová eterno, enviado adiante pôr toda a terra , e Ele veio e tomou o livro na mão direita de Sua Majestade Jah Ras Tafari I que está sentado no Trono". E o sétimo Selo foi libertado.
O Sétimo Selo é conhecido como Haile Selassie I , o Primeiro da Etiópia".
His
O significado de Haile Selassie I em relação aos Sete Selos foi revelado a um lider de uma comunidade Rasta em uma Visão. Em fazendo pública sua visão, ele se auto - proclamou em uma posição de liderança profética pôr sua habilidade em interpretar o significado do sinal revelado.



Os "ELDERS" anciões


Diferente da Igreja Ortodoxa Etíope das Doze tribos de Israel e da Comunidade do Principe Emmanuel (todas essas congregações Rastas), a ordem Nyahbinghi não tem um único local permanente e central para suas celebrações, e nem mesmo se esmeram na figura de um só líder. Na verdade, os próprios Nyahbinghi clamam que cada individuo é um templo em si mesmo, e deste modo desdenham aqueles que enfatizam o uso de construções como essencial para as celebrações comunais.
A Ordem Nyahbinghi não tem uma corporação organizacional formal com membros nomeados ou eleitos, onde as decisões são tomadas pôr seus associados. O Imperador Haile SelassieI é reconhecido como a "cabeça" da Ordem Nyahbinghi. Sua indisputável autoridade espiritual serve como uma barreira efetiva para a formação de um conselho elitista regulador. Os mais velhos, os "elders" fazem parte da liderança operacional dos Nyahbinghi, baseada.


Reggae


Chegando o final da década de 60 , muitos Rastas se vira, em condições de extrema pobreza, banidos economicamente do sistema capitalista. Em sua maioria , os Rastas procuram se manter financeiramente através da arte, em especial a artesanato. É bem reconhecida a habilidade dos Rastas em esculpir peças de motivo africano; como máscaras, estátuas e símbolos bíblicos. Mas onde melhor a cultura Rasta se propagou foi na musica, com o Reggae .
A origem do Reggae é o Ska, um ritmo acelerado com instrumentos de metal, oriundos da musica negra americana dos anos 50 e 60. Da metade para o final da década de 60, o Ska se tornou mais lento, dando origem ao Rocksteady. Os metais deixaram de ser os instrumentos que marcavam a musica, e em seus lugares foi inserido a percussão africana com a batida da guitarra num estilo Rock. Esse ritmo a partir do inicio da década de 70 passou a ser mais lento ainda e com outro nome , agora o Reggae.
A maioria dos cantores e bandas famosas da Jamaica passaram por esses três estilos de ritmo, enter elas os "Wailers", grupo formado em seu início por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer (considerados profetas musicais pelos Rastas). A industria fonografica jamaicana teve um avanço incrível nas décadas de 60 e 70, apenas pelo fato de varias bandas e cantores, todos Rastas, aparecerem no cenário musical .
O Reggae é tido pelos próprios Rastas como sendo a musica de Jah (Deus), primeiro por Ter a mesma batida do coração e depois pelas mensagens, com letras principalmente de caráter religioso e de protesto racial e político.

Dicionário Rasta


Dicionário Rasta


Babylon: Capitalismo, Forças Opressoras, Ser do mal.

Baldhead: Quem não usa dreadlocks portanto não segue a filosofia Rastafari.

Beenie: Pequeno.

Chalice: Cachimbo usado para tragar maconha.

Chant: Cantar.

Dreadlocks: Literalmente tranças, cabelo que não é penteado nem cortado.

Ganja: Maconha.

I-Tai: Natural, Vital.

Irie: Legal, usado também como uma forma de saudação.

Jah: Deus (vem de Jeová).

Jamming: Sentir-se bem, curtindo, se divertindo.

Natty Dread: Rastafari ainda novo.

Rude Boy: Delinquente, Criminoso, gangue famosa da Jamaica.

Red: Chapado de ervas.

Scientist: Macumbeiro.

Skank: Estar dançando reggae.

Spliff: Cigarro de maconha largo em forma de maconha.

Sufferer: Pobre.

Satta: Meditar, Agradecer e Rezar.

Tam: Grande toca de crochê, usado pelos Dreads para cobrir suas tranças.

Youth: Jovem, Imaturo.

Zion: Etiópia, África, a terra prometida dos Rastas. Muitos rastas entendem que Zion pode ser uma sociedade mais justa, que não está em nenhum lugar específico e deve ser algo por que lutar.


bylucasNattyDread

1974 - Rasta Revolution


1974 - Rasta Revolution (1974)
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Historia do reggae

História do Reggae

O Reggae não é um estilo musical comum. Ele traz junto dele um conjunto de filosofias e pensamentos, que fazem entrar em harmonia mente e alma. É capaz de envolver a alma completamente através de maravilhosos arranjos de melodia, que energizam, pulsam e vibram.
As ligações entre o reggae e o movimento (religioso, filosófico, politico) rastafari são grandes. Ambos representam um dos mais notavéis esforços humanos de reconstrução, a reconstrução da dignidade, do destino e da cultura de um povo.
Nem todo reggae é rastafari. Como música, o reggae segue um caminho tortuoso mas continuo, que começa quando uma das formas musicais nativas da Jamaica, o mento, deixa-se contaminar pelas emissões de Rhythym'n blues americanas, via ádio, nos anos 40, e adquire uma forma nova, de ritmo mais complexos, incorporando metais, o Ska. Nos anos 50 e 60, o Ska segue seu proprio caminho evolutivo, inclusive gerando a primeira banda superstar da Jamaica, os Skatalites. A influência do Soul Music dos anos 60, a ascendência do instrumental eletrônico, baixo e guitarra, e uma nova realidade social e politica, independente em 1962, a jamaica começou a conhecer o êxodus rural e o crescimento das favelas urbanas, com sua inevitável tensão de desigualdade , serviram de caldeirão para a transformação do SKA em Rock Steady.
No final dos anos 60, com uma nova geração de musicos tentando novos jeitos de tocar o Rock Steady, com a cabeça ou atenta aos cânticos rastafaris, que puxavam pelo lado africano, enfatizando a repetição ritmica, ou assumidamente ligada ao movimento, com a pressão social em alta voltagem, nas ruas , nasce em fim o Reggae, inicialmente gravado Reggay. Bob Marley acreditava que queria dizer "Musicas dos Reis", mas os musicos mais velhos se lembram de que era uma giria muito comum em Trench Town , o gueto principal de Kingston, capital da Jamaica - queria dizer "coisa de rua", "sem importância" ou "intima".
Como nessa época , o rastafari ganhava corpo na sociedade da Jamaica, foi quase natural que ele fizesse o reggae sua manifestação pública, e Bob Marley, em sua infatigável cruzada, levasse ao mundo os princípios deste misto de religião e atitude politica.


BylucasNattyDread

1973 Burnin - Bob Marley


1973 - Burnin
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Pensamentos do Bob Marley - Rastafari

PENSAMENTOS

"Para que ter os olhos verdes se posso tê-los vermelhos com o verde da natureza."
"Meu lar é sempre onde estou, meu lar está na minha mente, meu lar são meus pensamentos, meu lar é pensar as coisas que eu penso. Esse é meu lar. Meu lar não é um lugar material por ai...meu lar está na minha mente."
"Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia mas todo mundo sabe que isso é verdade."
"Não tenho religião eu sou o que sou. Eu sou um Rastafari...E isso não é religião, isso é vida."
"Surgiu no mundo uma música maravilhosa, extasiante, com letras tocantes que exigem às pessoas pensarem e se interessarem. Uma melodia relaxante e ao mesmo tempo dançante, nos livra de uma estafa que age sobre a terra. Onde muitos cantores ainda pregam e esperam um entendimento óbvio e sadio de suas consciências, que os leva até a luz. Tudo isso para perceber o som do REGGAE MUSIC."
"O rastafari é um revolucionário. Não se intimida, não aceita ser comprado. Ele luta sozinho com sua música."
"O reggae é a música do povo, ela fala dos acontecimentos... mas não de um ponto de vista histórico. Fala de coisas que não se aprende na escola."
"Veja-os lutando pelo poder, mas eles não sabem a hora de parar. Então eles subornam com seu dinheiro e suas armas."
"A política só serve para dividir o povo é uma bobagem, pois faz o povo confiar em um homem, que não pode fazer nada por nós. Se você não tiver sua vida, você não tem nada. Por isso até os políticos devem achar um Rastafari-I."
"O governo transfere para o povo toda sua fúria e sofrimento."
"Quando eu lembro do estalar do chicote, meu sangue corre gelado, lembro do navio de escravos, quando brutalizavam a minha alma."
"Eles dizem que o sol brilha para todos, mas para algumas pessoas no mundo ele nunca brilha."
"Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito que a humanidade viva unida... negros e brancos todos juntos!"
"Os homens pensam que possuem uma mente, mas é a mente que os possui."
"Há pessoas que amam o poder, e outras que tem o poder de amar."
"Para mim a liberdade só existe quando um povo se une. A liberdade só existe quando ela também é mental. Minha mente só se liberta quando eu louvo a Rastafari-I."
"O homem quando bebe álcool, afia uma faca e mata. Mas quando fuma erva ele afia uma faca e diz: Deixa, a vida mostrará a ele."
"Queria ser um baseado, para nascer em seus dedos, morrer em seus lábios, e fazer sua cabeça."
"Queria que o mundo se acabasse em chamas, para eu acender meu último baseado."
"Quando morrer, quero ser cremado Para que minhas cinzas alimentem as ervas, E as ervas, alimentem a mente dos loucos. Loucos como eu."
"Quanto mais pessoas fumarem erva, mais a babilônia cai."
"Unidos venceremos, divididos, cairemos."
"Se vocês são uma grande árvore, nós somos o pequeno machado afiado para cortá-la."
"A minha música não é contra os brancos. Eu nunca poderia cantar isso. A minha música é contra o sistema, que ensina você a viver e a morrer."
"Se deus não tivesse me dado uma canção para cantar, eu não teria uma canção para cantar. Por isso não é a minha música. A minha alma diz essas palavras."
"O reggae verdadeiro vem da Jamaica, porque outras pessoas não podem tocar num todo, seria ir contra suas próprias vidas. Porque o reggae tem que estar dentro de você."
"Não tocamos para agradar os críticos. Tocamos o que queremos, quando queremos e o quanto quisermos. E temos motivos para tocar."
"O jazz é uma música completa, reggae é completo também. O reggae é funk, mas também é diferente do funk. O reggae é uma música simples. É diferente do soul também. Nada pode ser conceituado. Esta é a verdade."
"O reggae não é pra se ouvir é pra se sentir. Quem não o sente, não o conhece."
"Eu não gosto da idéia de propaganda. Não é a maneira como vejo as coisas. Eu não transo com coisas da escuridão. As pessoas chegam pra mim e dizem: Bob Marley é um big artista internacional, e eu rio, se mais pessoas ouvem a minha música, isso é bom, isso é tudo."
"A música é psicologia. Se não penetra, o coração, a alma, a mente, as pessoas não irão senti-la."
"A música clama por mudança. Não sei quanto vai demorar, mas um dia virá."
"Minha música defende a verdade. Se você é negro e está errado, você está errado. Se você é branco e está errado, você está errado. Se você é índio e está errado, você está errado. É universal!"
"Nós nos recusamos a ser o que você queria que nós fôssemos. Somos o que somos, é assim que vai ser. Você não pode me educar."
"Todo homem tem direito de decidir seu próprio destino."
"Não sou nenhum anjo. Sou filho da vida."
"Eu não gosto de políticos, minhas músicas tem tudo a ver com o bem e a verdade."
"A justiça cobrirá a terra como a água cobre o mar. Eu não quero o sucesso, o sucesso não me diz nada. Muitas pessoas tem sucesso mais vivem como mortos."
"Se a vida fosse bela, todo dia teria sol, todo mar teria onda, toda música seria reggae, toda fumaça faria a cabeça. Não sou um cantor de rock. Sou apenas um rasta que prega a paz e a humanidade."
"A música tem uma coisa boa: Quando bate você não sente dor."
"Eu olho para dentro de mim, e não me importo com o que as pessoas fazem ou dizem. Eu me preocupo só com as coisas certas."
"Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos."
"Muitas pessoas pensam que a vida é um sonho, assim elas só pioram as coisas. Muito tem sido dito e pouco realizado. Eles ainda estão matando. Matando nossos profetas, e se divertindo. Se divertindo muito."
"Minha música é contra o sistema, a favor da justiça. É contra as regras que dizem que a cor de um homem, lhe decide o destino. Deus não fez regras sobre a cor."
"Se você obedece todas as regras, acaba perdendo a diversão."
"Deus me enviou à terra com uma missão. Só ele pode me deter. Os homens nunca poderão."
"As letras das músicas podem ensinar algo às crianças. Não é apenas diversão. Você não vai conseguir divertir uma pessoa que está com medo ou com fome."
Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura. É como uma árvore sem raízes."
"Quando os negros se unirem, Os brancos e os chineses também o farão. Mas é preciso que os negros façam isso primeiro."
"Se você ouve reggae, E não se mexe, então você está morto."
"Quando eu morrer todos vão chorar, todos vão sofrer. Mas um louco fazendeiro me transformará em um lindo pé de maconha. Passará por mim me comprará, me fumará. E verá que mesmo depois de morrer, continuo fazendo a cabeça."
"A vida é para quem topa qualquer parada, E não para quem para, em qualquer topada."
"O demônio sempre se infiltra entre os políticos. Então, eles começam a brigar entre si. O poder se transforma em uma questão de orgulho. Não tem mais nada a ver com vivermos juntos e acabarmos com a guerra."
"Tudo que Deus disse nas profecias, vai se realizar. Só que algumas pessoas têm mais consciência disso. Elas estão mais ligadas com o lado espiritual da vida."
"Até quando eles vão matar nossos profetas, enquanto ficamos olhando inertes?"
"O sonho de um careta, é a realidade de um louco."
"Supere os demônios, com uma coisa chamada amor."
"Bem, eu não nado muito bem, por isso não me arrisco em águas profundas."
"Já estive aqui antes e voltarei outra vez, mas não terminarei esta viagem."
"Acredito na liberdade para todos; não apenas para os negros."
"Bob Marley não é meu nome. Eu nem mesmo sei meu nome ainda."
"A cura de uma nação. Erva como fruta. Mantenha-se saudável e com a mente alerta."

BylucasnattyDread

1973 Catch a Fire - Bob Marley


1973 – Catch a Fire


http://www.easy-sharing.com/52290/BobMarley-Catchafire.rar.html


http://www.megaupload.com/?d=NZRPPJZL

ai um cd do rei ...
link quebrado?? favor informar
lucasdjr@hotmail.com